Acho que o que torna a poesia sempre única é a carga de experiências, vividas de um modo único pelo autor, contidas nela. Ao ser escrita, a poesia fica impregnada de vivência e por isso conhecer o autor é fundamental para compreender seus escritos. E toda a poesia é construída de camadas, pode-se alcançar toda a essência do autor ali, em poucas linhas, quanto mais se cava, mais se descobre, poesia é coisa infinita. Hoje posto um poema que é fruto de reflexões filosóficas minhas, e quem nunca pensou nessas questões de existencialismo e de identidade que atire a primeira pedra.
Pluralidade
Consegue sentir a escuridão
deste som
Que neste exato momento está
a ouvir?
Este som é silencioso
segredo subjetivo
Num corpo irracional que
nada sabe
É a razão de um ser que dele
se vale
Ainda falta saber
Quem sou Eu?
Quantos sou Eu?
O que é afinal o Eu?
Nesse mutualismo misterioso
sem se definir
Sabe-se apenas da condição
de existir
O ventrículo controlado é a própria
prisão
Mas não se sabe o que está
preso,
Tudo é mera ilusão
Mas tudo é um breve
contratempo
Brinca a equação no
espaço-tempo
Com as suas infinitas
variáveis
Gira a roda do destino
Multidimensões
Todas as possibilidades.
Lucílio Fontes Moura
This work is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil License.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A diferença entre o real e o ilusório é que o real existe por si só e a ilusão necessita do real para existir. Comentem, afinal, o que seria da vida sem as ilusões.