sexta-feira, 13 de julho de 2012

Pluralidade


Acho que o que torna a poesia sempre única é a carga de experiências, vividas de um modo único pelo autor, contidas nela. Ao ser escrita, a poesia fica impregnada de vivência e por isso conhecer o autor é fundamental para compreender seus escritos. E toda a poesia é construída de camadas, pode-se alcançar toda a essência do autor ali, em poucas linhas, quanto mais se cava, mais se descobre, poesia é coisa infinita. Hoje posto um poema que é fruto de reflexões filosóficas minhas, e quem nunca pensou nessas questões de existencialismo e de identidade que atire a primeira pedra.




Pluralidade

Consegue sentir a escuridão deste som
Que neste exato momento está a ouvir?
Este som é silencioso segredo subjetivo 
Num corpo irracional que nada sabe
É a razão de um ser que dele se vale

Ainda falta saber
Quem sou Eu?
Quantos sou Eu?
O que é afinal o Eu?

Nesse mutualismo misterioso sem se definir
Sabe-se apenas da condição de existir
O ventrículo controlado é a própria prisão
Mas não se sabe o que está preso,
Tudo é mera ilusão

Mas tudo é um breve contratempo
Brinca a equação no espaço-tempo
Com as suas infinitas variáveis
Gira a roda do destino
Multidimensões
Todas as possibilidades.



            Lucílio Fontes Moura


 Licença Creative Commons


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