sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Dica de leitura (3)


Título: Paris a festa continuou - a vida cultural durante a ocupação nazista, 1940-4
Autor: Alan Riding
Número de páginas: 464
Editora: Companhia Das Letras
Para quem curte história da 2ª guerra mundial e tem curiosidade para entender como se comportou a nação francesa após terem seu país  ocupado pela Alemanha de Hitler.

O livro de Alan Riding passa por um estilo de crônica do cotidiano e  história das mentalidades, e por isso torna-se tão interessante. O autor aborda as divergências nas atitudes tomadas pelas personalidades e classes da sociedade francesa durante a invasão alemã ao país e o quão curioso o fato de a guerra não ter  interrompido na vida cultural desta nação. O livro é recheado de relatos interessantes sobre muitas personalidades da época mas peca pelo excesso, se torna repetitivo e cansativo a medida que o autor insiste em contar caso por caso. A lista de personagens descritos é infindável fazendo o leitor leigo se perder em nomes. Mas apesar de massante o livro recompensa o leitor mais paciente pois nele encontramos diluído em suas páginas relatos incríveis sobre a perseguição aos judeus, a guerra ideológica entre a impressa colaboracionista e as publicações clandestinas, o contraste da boa vida da elite abastecida pelo mercado negro e a miséria da maioria da população, as ousadias, hesitações e contradições de artistas e escritores como Picasso, Sartre, Céline e Camus.

"[...] Provavelmente nenhum outro país(França) ilustra tão bem os perigos que corre uma população educada para reverenciar teorias: torna-se um terreno fértil para os extremismos. [...] Sem dúvidas, durante grande parte do século XX muitos escritores e intelectuais franceses proeminentes propagaram doutrinas [...] que ofereciam explicações e soluções para tudo. Se os intelectuais franceses não desfrutam mais da autoridade que antes os caracterizava, isso se deve ao fracasso dessas doutrinas e da dissolução das miragens utópicas. [...] nem eles acreditam mais que as ideias, por si, possam resolver os problemas da vida."