quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Mudando de assunto (3)

31 de outubro de 1902, nascimento do grande poeta Carlos Drummond de Andrade, data que está sendo chamada de Dia D. Este ano Drummond estaria completando 110 anos.
O que Drummond significa para mim? É o poeta que mais influenciou meu estilo de escrita, posso dividir minha poesia em antes e depois de Drummond. O primeiro livro de poesias que li dele foi "A rosa do povo" e suas poesias geraram um enorme impacto em mim, me despertaram uma certa liberdade e gosto pela contemporâneidade, toda aquela forma de captar sentimentos, as angustias e as dores de seu tempo. 
Lembro que assim que terminei de ler "A rosa do povo", escrevi um poema de inspiração drummondina, que se chama "Fluxo de vida" e inclusive está postada neste blog --->  http://poetailusionista.blogspot.com.br/2010/08/meu-eu-escondido.html



Para quem também curte Drummond, uma série de eventos serão realizados hoje, neste link que deixarei a seguir vocês serão direcionados ao blog do diaD onde há uma lista com a programação de tudo que será feito em comemoração a esta data tão importante para a literatura brasileira.

http://diadrummond.ims.uol.com.br/

domingo, 14 de outubro de 2012

Literatura brasileira


Começa hoje a série "Literatura brasileira", quadro em que pretendo apresentar grandes estilos e formas de escrita de autores brasileiros. E para inaugurar escolhi um autor nascido em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Que além de escritor, foi professor, engenheiro, sociólogo e repórter jornalístico, tendo se tornado famoso internacionalmente por sua obra-prima, “Os Sertões”, que retrata a Guerra de Canudos. O escritor a que me refiro é Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha.



Dono de um estilo considerado pré-modernista, Euclides da Cunha ficou conhecido por sua estética conservadora: parnasiana e naturalista, mas também renovadora: proximidade com a realidade brasileira e as tensões vividas pela sociedade da época.

Percebam a dramaticidade e refinamento de seu estilo:

"O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas”.

"[...] é um cadáver claudicante. Foi ferido há dois meses pela explosão de um shrapnel quando se acolhia ao santuário. Uma bala atravessou-lhe o braço e a outra o ventre. E este ente assim vive, há dois meses, numa inanição lenta, com dois furos no ventre, num extravasamento constante dos intestinos."




quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Dica de leitura

Título: A cura de Schopenhauer:
Autor: Irvin D. Yalom
Número de páginas:336
Editora: Ediouro
Para quem: para aqueles que desejam conhecer um pouco sobre o filósofo Schopenhauer, mas não tem muita afinidade com os densos textos do filósofo.
 
A história começa com o psiquiatra Julius Hertzfeld, que descobre ter um câncer sem cura. Toda perspectiva do mundo muda quando Julius se vê com os dias contados. Ele resolve fazer um balanço de sua vida profissional e decide procurar por um paciente, Philip Slate,que sofria de compulsão sexual, a fim de saber se suas consultas o ajudaram de alguma forma. Eles se encontram e de muitas conversas surge um acordo entre os dois: Julius vira tutor de Philip para que este possa trabalhar futuramente com consultas e em troca ele participa do grupo de análise de Julius. 
O romance aborda basicamente um incrível embate entre pacientes e terapeuta, em que cada um expõe seus medos, defesas e fraquezas e aprendem a serem mais humanos e felizes.
Outra característica do romanceé que possui pouca ação, afinal de contas a maior parte da história se passa em consultório, e para quebrar um pouco a monotonia,  Irvin D. Yalon intercala os capítulos da história em si com capítulos que abordam a vida do filósofo Schopenhauer desde sua infância até sua morte. De quebra o livro ainda trás consigo importantes passagens das obras de Schopenhauer, cujos temas giram em torno de assuntos como a morte, a insaciável vontade humana e a força do desejo sexual.
O autor, ao escrever “A cura de Schopenhauer”, repete a fórmula de sucesso que obteve ao escrever “Quando Nietszche chorou”, uma maneira leve e interessante de introduzir a história e obra de filósofos tão importantes para a humanidade, e por isso acho que o livro é imprescindível para aqueles que desejam conhecer mas não querem se aprofundar muito ou não possuem muita afinidade com pesados textos filosóficos.