domingo, 30 de setembro de 2012

Raíz quádrupla

Por causa de alguns problemas técnicos ainda não dei inicio às minhas resenhas literárias, mas enquanto isso, postarei um novo poema que escrevi e que dá uma boa dica do primeiro livro que vou apresentar aqui no blog. 

"A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos."Schopenhauer
Toda a humanidade vive esse conflito, buscamos - todos - a felicidade, e atualmente, certos ou errados, seguimos o caminho do materialismo como o melhor para alcançá-la, ao mesmo tempo em que criticamos o superficialismo das coisas e o desapego com os valores que outrora eram os responsáveis pela verdadeira felicidade. 
Eu vivo este conflito em mim, presencio momentos em que me permito o hedonismo em nome de uma satisfação temporária, há em mim um culto ao prazer proporcionado pelo materialismo, crio uma perspectiva de frenesi sobre a vida, penso que para valer a pena ela deve ser intensa, e que devemos nos entregar de cabeça ao mundo material, que a vida é mesmo de ilusões, que devemos enfeitá-la inventado significados ao nosso bel prazer. Outros momentos me pego criticando esta fraqueza minha, esse meu vício às futilidades, penso que desperdiço meu tempo com superficialidades quando deveria estar me dedicando às faculdades da mente, à contemplação e compreensão da verdadeira natureza das coisas, na busca pelo conhecimento, na busca pela verdade, se livrando de tudo o que é falso e ilusório. Mas este é um caminho de profundo mergulho na depressão, rumo à frieza e indiferença da realidade diante de nós seres vivos, "de niilismo nunca estamos sós...". 
Fiquem com um poema que escrevi inspirado em um influente filósofo alemão do século XIX que começo a conhecer.





Raiz quádrupla

Procuro por uma palavra
Quero a mais dócil e obscura
Arrogante mas precisa, sublime
E que corte e sangre na carne
Da verdade. E ignore a humanidade
Sem escrúpulos e medo da rejeição
Vidro... Escárnio... Lâmina...
Que seja profundo pesar
E que viva em eterno temor
Que triture sentimentos
Ao menos os frugais, banais
Que condene a vontade
E expurgue a felicidade
Que desmoralize o pódio
Repressão... Tortura... Ódio...
Que não tema a morte
Que negue todo o viver
Em sua forma mesquinha de ser
Que represente a raiva fugaz
Sobre toda a ignorância
Que represente intensamente
Todo o abismo da solidão
                      ...Schopenhauer

Lucílio Fontes Moura


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